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[Verso 1: Gabriel o Pensador] O pequeno Mário, dentro do berçário Era feito carta em envelope sem destinatário Um menino sem destino, sem nome no cartório Ficou num orfanato até o sexto aniversário E foi parar num seminário, onde um padre fez o Mário conhecer o ABCDário Aprendeu a ler a Bíblia e o dicionário E aos doze já sabia escrever um diário O diário era o seu melhor amigo Onde o Mário confessava o seu desejo proibido de ser bibliotecário E conhecer uma mulher, e todos os gêneros literários [Refrão] Mário! Você conhece o Mário? Cansou de ser otário Mudou de profissão, virou revolucionário Vai Mário, vai Mário, vai Mário! Você conhece o Mário? Cansou de ser otário O Mário tá na área e não tem páreo para o Mário Vai Mário, vai Mário! [Verso 2: Gabriel o Pensador] O garoto Mário, lá no seminário Era feito um peixe fora d'água, preso num aquário Preferiu ir pra cidade, mais um operário Quinze anos de idade, menos de um salário Menos do que o necessário Vida dura dividida entre a leitura e o trabalho Aos 16 já era um líder comunitário Era um jovem lutador e solidário Aos 17 era boy num escritório Aos 18 fez serviço militar obrigatório Mataram um soldado e precisavam de um bode expiatório O Mário era rebelde e foi pro interrogatório Inocente até que provem o contrário Foi torturado e virou presidiário E lá dentro teve tempo de arrumar Seus pensamentos de um modo extraordinário [Refrão] [Verso 3: Gabriel o Pensador] Soltaram o Mário antes do horário A imprensa descobriu seu julgamento arbitário Divulgou a sua história e os seus comentários Sua vida e o seu discurso libertário "Todo ser humano tem direito a ser alguém Tem direito a ter um bem do bom e do melhor Melhor pra todos nós se todo ser humano Tem direito à sua vez e tem direito à sua voz Padres e mendigos, freiras, prostitutas, todos são iguais Todos têm direito à paz, todos têm direito à luta Direito e dever de saber e de ver e fazer acontecer Todos têm direito de mudar, nem todos que sonharam conseguiram Mas pra todos conseguirem todos têm que ter a chance de tentar Não tem pra ninguém, mas tem que ter pra todo mundo e pra mim também" [Refrão] [Verso 4: Gabriel o Pensador] Missionário sem religião (sem religião!) Conquistou uma legião, uma multidão Na sua missão contra a omissão em todos os cenários: Urbanos, suburbanos e agrários Mas o seu discurso igualitário foi ficando Cada vez mais duro, mais maduro, incendiário Incomodando os poderosos e reacionários (filho da puta) Que já queriam ver seu nome no obituário Mas o Mário tava em todos os noticiários Nas escolas, nos "campus" universitários Nas favelas, nas bocas, nas bancas, nas ruas Nas fábricas, em todos os lugares "E o Mário rebate qualquer argumento contrário ao seu ideário Debate com qualquer político, autoridade ou autoritário; do executivo, do legislativo ou judiciário; latifundiário ou megaempresário; qualquer mercenário do Fundo Monetário... Ninguém nesse mundo é páreo pro Mário!" [Refrão] [Outro] E o Mário, que era só um João Ninguém, leu, escreveu, conheceu e foi reconhecido Cansou de ser otário. E pra quem ta cansado também, o Mário é um exemplo a ser seguido
Tłumaczenie
Brak

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