01.01.1998
13
Rap
Tekst piosenki
[Verso 1: Dum-Dum]
Hoje o ar que cheira sangue amanheceu diferente
Não me parece um dia comum, de tiro, velório, felizmente
Eu não ouvi os boatos da noite que passou
Será que ninguém morreu? Ninguém matou, ninguém matou?
Olha o caderno na mão, tem uma tático ali
Tem segurança pras crianças indo pra escola
Estudar é tão bom quando a morte não está aqui
Cadê o mano que trafica perto do portão?
Cadê o copo de água mineral?
O vestígio das pedras nesse horário sempre tem, só que hoje não
Carango cinza, vidro fumê, acho que algo vai acontecer
No abaixar dos vidros já imagino os tiros
Tenho quase certeza, alguém irá morrer
Será que é outro enquadro ou só outro cadáver
Qual que é desses canalhas? Por incrível que pareça vieram em paz
Não apertaram o gatilho, não terminou na bala
Essa foi de três pontos e que o outro lado, que golaço!
Quadra lotada, esporte na mente, caixão adiado
A oficina do diabo está ocupada
Nos deram boa escola, um centro recreativo, conjuntos habitacionais
A nossa gente é sempre lembrada
Parabéns Brasil, pela campanha contra o álcool, AIDS, contra as drogas
Recuperação em massa, o fundo do poço agora tem sua cota
Não tem ninguém algemado, a PT está descarregada, tem rango digno no prato
Olha o sorriso da tia que passa, a sacola é pesada, o suor escorre pela cara
Mas o semblante é feliz de quem venceu pelo menos hoje
De quem levou comida pra casa
Não tem ninguém de roupa imunda e feridas no corpo passando fome
Não tem ninguém desempregado metendo os canos
Não tem ninguém derrubando ninguém
Nem a D20 que passou pro IML não mandou ninguém
Pagode, defunto, cerveja na mesa
Descontração por alguns minutos
Cenário de sangue na batida do pandeiro, treta, caixão, defunto
Infelizmente pro demônio hoje não tem velório
O anjo protetor nos protegeu, nos livrou do atestado de óbito
Nenhuma pedra foi derretida, nenhuma grama de cocaína foi consumida
Aqui se valoriza a vida, se incentiva
Existe sempre um caminho ou uma alternativa
Que cheiro de carniça vem lá da esquina, deve ter defunto
Ouvi o som da sirene, não tenho dúvida, mais um fulano no túmulo
Até parece que Deus está por aqui
Não tem finado nenhum, incomum, sem crack, sem polícia, não é preciso fugir
(Despertador)
E de repente um barulho de despertador me acordou
Infelizmente tudo o que eu vi não passou de um sonho que passou
Estou de volta ao inferno
Ao enterro, polícia, crack, tiro, papel
Fechei os olhos e sonhei com a paz
Fechei os olhos e sonhei com o céu
[Refrão: Eduardo e Dum-Dum]
Fechei os olhos e sonhei com o céu (sonhei com o céu)
Do inferno vi a paz (sonhei com o céu)
O sangue lá não escorre pelo chão (sonhei com o céu)
Não existe cadáver, não se enterra caixão
Sonhei com o céu, (sonhei com o céu) sonhei com o céu
Sonhei com o céu (sonhei com o céu)
[Verso 2: Eduardo]
Tem um corpo se decompondo ali no meio do mato
Entre mosquitos e sangue o porquê dum finado
Daqui a pouco cola a mãe e os familiares
Tem uma vela, algumas piadas, alguns populares
As lágrimas demonstram o universo contraditório
Muita tristeza para uns, pra outros alegria é velório
Esse corpo vem da casa de madeira ou papelão
Com luz roubada, sem esgoto, sem conforto, segurança, sem opção
Esse corpo vem da mesa que sempre tem comida quase de cachorro
Que sempre tem migalhas, tem tristeza
É outro filho de uma mãe que teve cinco, seis, sete filhos
Que criou alguns no cemitério e outros no presídio
Foi outro mano que sonhou com roupas caras, boas, um tênis importado
Ambição insignificante pro mundo, pra polícia motivo pra ser fuzilado
Um outro enterro onde se chora em dobro
A morte do fulano, aquela merda onde está o corpo
Sem flores, um indigente reconhecível que se vai
Sem valor, sem orgulho, só a dor da mãe e do pai
Infelizmente é a morte, padrão dos pobres
Anoiteceu bum, de qualquer meio do mato, qualquer quebrada, o sangue escorre
Quantos de nós sentiremos o inferno na pele?
Um corpo com jornal, indigente no IML
Uma sepultura abandonada que nunca recebeu sequer uma flor
Que nunca recebeu uma visita, uma oração, um gesto de amor
Quando não se sonha paz se torna impossível
Viver no nosso mundo é foda, é suicídio
Um outro homicídio em questão de horas
Uma tático que passa, outra mãe que chora
Das profundezas do inferno quero sonhar com a paz
Esquecer toda essa porra de polícia, homicídio, droga
Fechar os olhos e sonhar com o céu
Fechar os olhos e esquecer que a esperança já está morta
Sonhei com o céu
[Refrão: Eduardo e Dum-Dum]
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